sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Os limites do corpo

Fabiana, na aula de acrobacia:
ginástica quase todo dia, mesmo machucada ou com febre.
Mesmo malhando, nem todo mundo consegue músculos volumosos e definidos. Mas isso não é pretexto para os preguiçosos: com ou sem um físico privilegiado pela genética, todo mundo tem de se exercitar.

Bel Moherdaui

Estar em forma – tradução: magro corpo durinho, músculos definidos – é o sonho que faz lotar as academias do planeta. Regata molhada de suor, faixa na testa, luva de proteção, homens e mulheres de todas as idades dedicam horas de agendas corridas ao esforço de eliminar gorduras, afinar a silhueta e, enfim, conquistar o gostinho de se olhar no espelho e se achar parecido com o sarado ou a sarada da televisão.


Este é o sonho. A realidade é muito diferente. De um modo geral, as pessoas que assumem a necessidade de praticar exercícios físicos situam-se em dois grupos distintos: os que se dedicam com exagero, e acabam magros demais ou musculosos demais ou obcecados demais, e os que começam animados a semana:
1- Perdem o pique na semana.
2- E desistem na semana.
3-Só para começar tudo de novo alguns meses depois.

Isso não acontece por acaso, nem por pura obsessão de uns e incontrolável preguiça de outros. Como a ciência vem demonstrando de forma cada vez mais inapelável, malhar e obter resultados consistentes é questão de genética e cabe a cada um encontrar seu limite e permanecer nele, sem extrapolar, mas também sem fazer corpo mole.

Num dos mais recentes estudos americanos sobre o tema, um grupo de
742 pessoas extremamente sedentárias, pertencentes à cerca de 200 famílias diferentes, foi submetido a vinte semanas de um mesmo programa de exercícios supervisionado. Com as comparações entre os resultados obtidos, constatou-se que a melhora da resistência física é semelhante entre membros da mesma família e que a influência da carga genética no resultado é de até 47%.

O estudo, ainda em andamento, é coordenado pelo pesquisador Claude Bouchard, diretor do Centro de Pesquisas Biomédicas Pennington da Universidade do Estado da Louisiana. Bouchard, especialista na pesquisa das relações entre genética e capacidade física, já havia coordenado na década de 80 outro importante levantamento na área.

Primeiro, um grupo de trinta sedentários foi submetido a vinte semanas de treinamento, com cinqüenta minutos de exercícios vigorosos quatro vezes por semana. "Alguns melhoraram a forma física em
50% a 60%
. Outros não tiveram melhora nenhuma" constatou Bouchard.

Outros não tiveram melhora nenhuma", constatou Bouchard. Ele então repetiu o treinamento com pares de gêmeos idênticos, que, por serem clones naturais, são usados em inúmeros estudos para avaliar a importância da carga genética em contraposição às influências externas.

Constatou que se um respondia bem ao treinamento, o mesmo ocorria com o outro; e se um ia mal, ambos iam. Conclusão óbvia: há pessoas que nascem propensas a, exercitando-se, obter um corpo musculoso ou uma excelente resistência aeróbica. Outras não têm essa capacidade inata. Podem malhar e melhorar a condição física, mas não haverá esteira ou halter que promova a explosão de bíceps desejada por muita gente como ideal estético.

Continua


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